Mangá e desdobramentos em pesquisas interdisciplinares

 Quem são os pesquisadores de mangá e animê? 

Profa. Dra. Sonia M. Bibe Luyten

Os primeiros estudos sobre Cultura Pop Japonesa apareceram a partir da década de 1970 e havia um enfoque mais geral. No Brasil, na academia (ECA/USP), houve um estudo pioneiro e preliminar realizado pela Profa. Dra. Sonia M. Bibe Luyten. Hoje, a tendência dos pesquisadores é cada vez mais direcionada e especializada. E a investigação acadêmica parte de um ponto global de conexão e é compartilhado por diferentes áreas do conhecimento.

É doutora em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações da Universidade de São Paulo, com tese sobre mangá, em 1988. Foi professora do primeiro curso universitário de Histórias em Quadrinhos no Brasil, com início em 1972 na ECA/USP e lá também fundou o primeiro núcleo de estudos de mangá que se transformou na ABRADEMI. Autora de inúmeros livros e artigos sobre o assunto e
vários prêmios entre eles, Honraria do governo japonês pela atuação na divulgação e pesquisa da Cultura Pop Japonesa em 2008. 

Mangá como objeto de estudo na pesquisa histórica

Prof. Dr. Nobuyoshi Chinen 

Por sua variedade e diversidade temática, os quadrinhos produzidos no Japão têm alcançado um sucesso de público em diferentes países e públicos de todas as faixas etárias. Também no âmbito acadêmico, há um crescente número de estudantes que elegem os mangás para pesquisas, abordando-os sob o aspecto da linguagem, das questões de gênero, sob o ponto de vista sociopolítico etc. Essa palestra visa a apresentar outra vertente de pesquisa: os temas históricos a partir das histórias em quadrinhos. Existe uma produção específica japonesa, os “jidai manga” ou mangás de época, que trata de um rico período histórico do feudalismo nipônico com títulos como Lobo solitário e Vagabond, cujas narrativas têm como protagonistas os samurais. Também é possível estudar episódios graves como o da Segunda Guerra por meio de Gen, pés descalços. Mesmo passagens históricas ocorridas em outros países, como a França no período pré-revolucionário, podem ser estudadas tendo como base o mangá, como Rosa de Versalhes. 

Publicitário e professor universitário. Doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Ex-docente das disciplinas teóricas sobre histórias em quadrinhos do curso de Produção Editorial da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ). Pesquisador membro do Observatório de Histórias em Quadrinhos da ECA-USP. Membro da Comissão Organizadora e da Comissão Julgadora do Prêmio HQMIX. Coorganizador das Jornadas Internacionais e das Cyberjornadas Internacionais de Histórias em Quadrinhos, no âmbito da ECA-USP. Autor dos livros “Totalmente Franco” (2022), “Graphic Novel Conceitos Básicos” (2020), “O Negro nos Quadrinhos do Brasil (2019); “Linguagem Mangá Conceitos Básicos” (2013) e “Linguagem HQ Conceitos Básicos” (2011), entre outros.

Os mangás enquanto tema de pesquisa: mulheres mangakás e demografias

Maiara Heleodoro (Mestre, PPG-LLCJaponesa - USP)

A comunicação pretende abordar a presença das mulheres no cenário mangaká, seus títulos de sucesso e as demografias pelas quais transitam. Para tanto, evidenciará nomes de sucesso no âmbito editorial dos quadrinhos japoneses, tais como Rumiko Takashi, Koyoharu Gotōge, Naoko Takeuchi, Hiromu Arakawa e o grupo CLAMP. Além disso, a fala tem o intuito de discorrer sobre o mangá enquanto chave de estudo, as possibilidades de pesquisa a partir deles, as ferramentas e os recursos com os quais se pode contar para desenvolver esses estudos, as contribuições acadêmicas decorrentes deles e, por fim, a experiência de ser uma pesquisadora de mangás dentro da universidade.

Possui graduação em Comunicação Social com Habilitação em Editoração pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É mestre em Letras pelo Programa de Pós-Graduação em Língua, Literatura e Cultura Japonesa (PPGLLCJ), do Departamento de Letras Orientais da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, em que estudou a cultura pop japonesa com ênfase nos mangás do grupo CLAMP.

Mangás como um recurso didático para ensino de línguas estrangeiras: da gramática à pragmática
 
Profa. Dra. Leiko Matsubara Morales 

A presente exposição tem como objetivo apresentar algumas possibilidades de uso do mangá como um recurso didático em salas de aulas de línguas estrangeiras, levando em consideração o eixo teórico de Letramento Multimodal Crítico (Halliday, Kress, entre outros).

Professora e pesquisadora do PPG-Língua, Literatura e Cultura Japonesa da USP. Participa de projetos de pesquisa sobre a temática Nikkei, estudando ambiente linguístico-cultural da comunidade nipo-brasileira do pós-guerra, formação inicial e continuada de professores de língua japonesa do Brasil, produção de materiais didáticos impressos e digitais, ensino-aprendizagem de japonês na perspectiva de Segunda Língua (Herança e Estrangeira), estudos sobre Identidade e Motivação pelo aprendizado da língua e cultura japonesa.